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de Energia Elétrica e Gás no Estado de Mato Grosso

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Elétricas perdem R$ 65 bi em valor desde 2013

Elétricas perdem R$ 65 bi em valor desde 2013

Em: 21/06/2018 às 09:14h por

O setor elétrico brasileiro destruiu pelo menos R$ 65 bilhões em valor nos últimos cinco anos. O dado faz parte de levantamento feito pela consultoria alemã Roland Berger, que concluiu que os retornos gerados pelos segmentos de geração, transmissão e distribuição não foram suficientes para pagar pelos investimentos realizados nesse período. Tão importante quanto o número apontado é a constatação feita pelo estudo de que, apesar de boa parte desse valor ser devida a intervenções governamentais e ao modelo regulatório, outra fatia considerável se refere à ineficiência das próprias empresas e que podem ser corrigidas, independentemente da regulação.

O estudo, por exemplo, indica que o aumento da eficiência operacional, uma melhor análise de riscos e o uso racional do capital permitiria às elétricas brasileiras gerar de R$ 25 bilhões a R$ 30 bilhões de valor adicionado nos próximos três anos, mesmo com as condições regulatórias atuais.

"A regulação ajudou a destruir valor, trouxe muito prejuízo, e há ajustes regulatórios a serem feitos no modelo regulatório. Mas não é só isso que precisa ser feito. Excluindo a [Medida Provisória] 579, que foi uma mudança de regra esquisita e no meio do caminho, existe uma regra há algum tempo no Brasil. O fato é que, tendo regras boas ou ruins, os atores do setor precisam entendê-las e atuar considerando as normas. Há oportunidade para as próprias empresas do setor elétrico brasileiro gerarem mais valor sendo mais eficiente", afirmou Daniel Martins, responsável pelo estudo da Roland Berger.

Segundo o especialista, o custo de capital no setor elétrico brasileiro varia, em média, de 10% a 12%. E o retorno sobre o capital investido (Roic, na sigla em inglês) médio esteve sempre abaixo desse patamar nos últimos cinco anos, sendo de apenas 5,9%, no ano passado. Em 2016, o resultado foi o melhor do período analisado, de 9,5%, motivado fortemente pela remuneração das indenizações por investimentos em ativos antigos de transmissão não depreciados, no âmbito da MP 579, da renovação onerosa das concessões.

Esse fator, no entanto, teve efeito apenas no segmento de transmissão de energia, cujo Roic em 2016 foi de 26,1%, indicando geração de valor. No ano seguinte, porém, o número já recuou para 10%.

Os demais segmentos, no entanto, estão com desempenho bem abaixo do custo de capital. O setor de distribuição de energia teve Roic médio de 5,5% em 2017 e de 3,3%, no ano anterior. Em geração, o Roic alcançado no ano passado foi de 7,3%, menor que os 8,3% observados em 2016. As empresas integradas também encontram dificuldades para gerar valor. O Roic delas foi de 8,8%, em 2016, e de 5,3%, no ano passado.

Fonte: Valor Econômico