‘O custo da fraude é repassado na tarifa’

‘O custo da fraude é repassado na tarifa’

Em: 05/12/2017 às 12:31h por

Ex-diretora da Aneel diz que furto de energia também afeta meio ambiente, já que aumento do consumo leva ao maior uso de termelétricas

Para a professor da FGV e exdiretora da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) Joisa Dutra, a população precisa entender que ela também é prejudicada pelo furto de energia, pois a fraude tem reflexos sobre a tarifa.
Há uma cultura do furto no Rio. Como combatê-la?As pessoas precisam entender que elas são penalizadas, mais do que a concessionária, pois o custo da fraude é repassado na tarifa. Existe uma fronteira nessa realidade que é muito difícil de se reverter. Todos esses aspectos precisam ser entendidos pela população, para que cada um de nós possa contribuir com o combate à fraude.

Qual o impacto do furto na tarifa?
A companhia arca com cerca de 25% (do custo do furto). Mas 75% recaem sobre o consumidor. O que o órgão regulador faz, na hora de determinar a tarifa, é garantir que aqueles custos e os investimentos feitos por uma concessionária possam ser cobertos por meio da cobrança da tarifa. Então, se existem elementos que estão para além do controle da concessionária, como todas essas áreas e condições subnormais no Rio, é preciso que esse concessionário seja compensado por isso. Então, o efeito é extremamente perverso.

O furto também causa danos ao meio ambiente. De que forma?Grande parte do consumo marginal é atendido por geração termelétrica, muitas vezes por combustíveis como o óleo diesel, bastante poluente. Então, o efeito é uma geração de gases de efeito estufa em grande quantidade. Na Região Norte do país, por exemplo, particularmente atendida por termelétricas, um aumento do consumo relacionado ao furto traz mais prejuízos para o meio ambiente. Não dá para pensar em política energética integrada que não combata perdas de furto. É preciso entender o seguinte: ilegal, e daí? Sim, ilegal porque eu pago, e porque é um crime.

Fonte: O Globo