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de Energia Elétrica e Gás no Estado de Mato Grosso

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Alquéres defende forma alternativa de desestatização da Eletrobras

Alquéres defende forma alternativa de desestatização da Eletrobras

Em: 03/10/2017 às 14:01h por

Ex-presidente do conselho de administração da Eletrobras durante o governo Temer e experiente personalidade do setor elétrico, José Luiz Alquéres critica a modelagem de privatização do controle da estatal elétrica em estudo pelo governo atualmente. Para ele, o processo não pode ser feito de forma imediatista para levantar recursos ao Tesouro, e sim pensado de maneira estratégica, olhando para o futuro da companhia e para um sistema elétrico moderno e mais sustentável no longo prazo.
"A privatização não pode ser feita para arrumar trocados para o Tesouro, e sim para montar um sistema elétrico adequado para o século XXI, para uma economia de baixo carbono. Só vemos, em alguns momentos, um mar de ignorantes e lobistas, sem contar especuladores, dando as cartas, fazendo proposições", disse o executivo ao Valor, sem citar nomes.
O executivo, que não descarta se lançar em uma candidatura avulsa a algum cargo político no futuro, diz ser importante eliminar "as gorduras no legislativo e judiciário", para retomar o equilíbrio das contas públicas do país. Defensor de uma outra forma de privatização da Eletrobras, Alquéres entende ser necessário desestatizar a empresa, não para contribuir para o resultado fiscal, mas porque "as estatais hoje são a principal moeda de troca na alimentação dos profundos interesses patrimonialistas e fisiológicos dos políticos".
Com relação à modelagem de venda do controle da companhia, Alquéres acredita que a Eletrobras ainda não é suficientemente eficiente para ter seu controle pulverizado, como quer o governo. Em sua opinião, a estatal deveria ser dividida em duas empresas: uma que continuaria pública, administrando a hidrelétrica binacional de Itaipu, a Eletronuclear e programas setoriais, como o Luz Para Todos e o Procel, de eficiência energética; e outra que seria detentora de participações a serem vendidas. Essas participações, explicou, seriam vendidas em bloco para outros controladores privados, que teriam a obrigação de pulverizar a empresa em cerca de dez anos.
Ex-presidente da Light e da Eletrobras, Alquéres engrossa a lista de especialistas que entendem ser urgente melhorar as condições e aumentar a capacitação da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), para lidar com um novo agente privado de tamanho poder, como será a Eletrobras privatizada. Na última semana, a economista Elena Landau, que substituiu Alquéres na presidência do conselho da elétrica e, pouco tempo depois, deixou o cargo, já havia dito ao Valor sobre a necessidade de fortalecimento das agências reguladoras, diante do programa de privatização em curso pelo governo.
"Não se fala muito sobre isso. E a Aneel mal dá conta do que já devia estar fazendo hoje. Olha a incapacidade da agência para intervir na CEA [distribuidora do Amapá]", afirmou Alquéres.
Questionado sobre sua última passagem pela Eletrobras, de julho de 2016 a março de 2017, o executivo explicou que assumiu a tarefa com um único propósito: auxiliar o presidente Wilson Ferreira Jr. a implantar a política de gestão e regularizar o arquivamento do formulário 20F, na Securities and Exchange Commission (SEC). "Feito isso, meu mandato encerrado, saí", disse, ressaltando que no período em que esteve na companhia, as ações da elétrica na bolsa triplicaram de valor. "O ministro [Fernando Coelho Filho] e o Wilson [Ferreira Jr], principalmente, foram os grandes responsáveis", afirmou.
Fonte: Valor Econômico