Sindicato da Construção, Geração, Transmissão e Distribuição
de Energia Elétrica e Gás no Estado de Mato Grosso
A transição para a nova economia encontra no Brasil a vantagem de ser um país com vocação para a produção de energias limpas. Atualmente, a participação das fontes renováveis na matriz energética está na faixa de 42%, de acordo com o boletim mais recente do Ministério das Minas e Energia. Em grandes companhias geradoras, como CPFL Renováveis, São Martinho e Vestas, o desafio de explorar todo o potencial disponível envolve modelos de gestão e de negócios diferentes dos adotados hoje no setor energético, além de mudanças regulatórias e incentivos direcionados ao segmento.
"As fornecedoras de energias não renováveis trabalham com grandes projetos, de prazo longo, enquanto nós 'colecionamos' pequenos projetos desenvolvidos em prazos curtos e que precisam funcionar de maneira integrada", diz o diretor-presidente da CPFL Renováveis, Gustavo Sousa. A empresa é líder na geração de energia renovável no Brasil, trabalhando com PCHs, eólica, solar e termelétricas movidas a biomassa. A capacidade instalada, de 2,1 GW, vem de 93 usinas. "Um de nossos maiores objetivos é integrar estas usinas e obter a maior eficiência possível."
Com este objetivo, a CPFL Renováveis investiu R$ 4,5 milhões na criação do Centro de Operações Integradas, que até o fim deste ano deve concentrar todo o monitoramento de seus ativos de geração. "Desenvolvemos uma plataforma capaz de integrar tecnologias de diferentes fornecedores de equipamentos", diz Sousa. O prazo para que um projeto aprovado em leilão entre em operação é de até dois anos e meio, o que requer um acompanhamento rigoroso do cronograma de todas as etapas até o início da operação.
A gestão da produção é outro ponto sensível, em razão de as energias renováveis não serem produzidas 24 horas por dia - caso de solar e eólica. "Este tema tem impacto nas decisões de investimento. O Brasil não pode ter hoje uma matriz 100% renovável porque precisa de outros tipos de energia para cobrir estes 'buracos' que eventualmente surgem", diz Rogério Zampronha, CEO da Vestas Brasil & Cone Sul, dinamarquesa que é líder mundial no setor de energia eólica, com faturamento global de € 10 bilhões. Um meio de atacar o problema é dispor de um sistema de previsibilidade mais avançado. "Na Dinamarca, é possível saber onde e quanto vai ventar com 14 dias de antecedência e aqui isto só é possível 24 horas antes", afirma Zampronha.
Já a baixa frequência de leilões nos últimos anos interfere no gerenciamento dos negócios. Segundo o diretor comercial e de logística do grupo sucroalcooleiro São Martinho, Helder Gosling, um dos grandes pleitos do segmento de bioeletricidade é um programa de contratação regular de fontes de biomassa por meio de leilões. "Esta fonte já chegou a representar 32% do crescimento anual da capacidade instalada do país. Para este ano, a participação é estimada em 7%", segundo Gosling.
As estratégias empresariais dependem ainda da definição de regras claras e de uma política de incentivos para o setor. "Hoje a eólica vive sem incentivos, mas os demais segmentos precisam de estímulo econômico para ter massa crítica, volume, e tornar o país mais competitivo", diz Zampronha. "A indústria como um todo tem flexibilidade para atuar com qualquer mudança regulatória. Tudo isto está sendo discutido e é positivo. Mas é preciso que, além de clareza nas normas, elas sejam anunciadas com antecedência para que tenhamos tempo para desenvolver projetos", acrescenta Sousa, da CPFL.
Fonte: Valor Econômico
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