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de Energia Elétrica e Gás no Estado de Mato Grosso

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Em alerta, mercado financeiro já precifica racionamento de energia elétrica

Em alerta, mercado financeiro já precifica racionamento de energia elé

Em: 05/03/2014 às 12:34h por Jornal da Energia

O atual panorama do setor elétrico já promoveu o acendimento de uma luz vermelha no mercado financeiro. Grandes bancos nacionais e internacionais fazem contas que apontam para um risco iminente de racionamento, preços altos no mercado spot, e uma conta "salgada" do acionamento técnico a ser paga por meio de subsídios governamentais e/ou repassados ao consumidor por meio de aumentos significativos na tarifa de energia.

O Jornal de Energia teve acesso a quatro relatórios divulgados por instituições financeiras nos últimos dias. São eles: Deutsche Bank, Itau BBA, Santander e JP Morgan, sendo os dois últimos os mais alarmistas.

O JP Morgan traçou três cenários: "Sem racionamento e déficit de energia", "déficit de geração hídrica" e "racionamento", todos considerando um crescimento médio de demanda de 5%. No melhor deles, chove 100% da média de longo termo, a geração termelétrica atinge patamares de 11,9MW, os preços no mercado spot ficam na casa dos R$200/MWh. No intermediário, chove 80% da média, o despacho de UTEs atinge 14,8GW, há déficit no Mecanismo de Realocação de Energia (MRE) e preços médios no mercado spot de R$500/MWh.

Na previsão de racionamento, por sua vez, chove 70% da média de longo-termo, o despacho térmico também fica na casa dos 14,8GW, os preços médios de R$823/MWh (teto máximo estabelecido pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). Neste cenário, o aumento de custos não gerenciáveis (compra de energia, por exemplo), podem impactar a geração de caixa das empresas e negativar o lucro antes de juros, impostos, amortização e depreciação (Ebitda).

O JP Morgan fala também em uma conta pra lá de salgada para o despacho termelétrico, de R$36 bilhões e a necessidade de um reajuste de até 40% para tapar esse rombo.

O Santander também fala em racionamento de energia, mas para isso teria que chover 45% da média de longo-termo, ou seja, uma condição bem mais adversa do que prevê o JP Morgan. O banco prevê uma conta alta com despacho termelétrico, mas bem inferior a do JP Morgan, de R$13,9 bilhões. O banco prevê ainda uma necessidade de reajuste da tarifa de energia energia elétrica da ordem de 25%. Nesse pior cenário, o impacto no crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) poderia ser de até 0,8 ponto percentual. Saiba mais.

O Deutsche Bank também fala em "risco iminente" de racionamento. Mas ainda que não aconteça, a instituição alemã prevê alto nível de despacho térmico durante todo o ano e preços no mercado spot 50% mais altos do que em 2013.

O Itau BBA prevê reservatórios em níveis baixos durante todo o ano. "A previsão dos meteorologistas é de normalização das condições climáticas na parte final de fevereiro. Chuvas dentro do padrão histórico a partir de março diminuem o risco de racionamento. Entretanto, mesmo com a possível normalização das condições climáticas à frente, o tempo seco do começo do ano deve prejudicar a geração das hidrelétricas até abril. Assim, o aumento dos reservatórios deve ser baixo ao longo de quase todo o período chuvoso, de forma que os reservatórios devem chegar ao fim desse período em nível baixo. Logo, será necessário o uso elevado de térmicas ao longo de todo ano (maior do que em 2013)", disse.