Sindicato da Construção, Geração, Transmissão e Distribuição

de Energia Elétrica e Gás no Estado de Mato Grosso

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MT só aproveita 9% da capacidade dos rios para geração de eletricidade

MT só aproveita 9% da capacidade dos rios para geração de eletricidade

Em: 05/03/2014 às 12:27h por RDNews

O Estado aproveita apenas 9% da capacidade hídrica, ficando atrás da média nacional em 38% e de Estados, como São Paulo, que usa 75% do que os rios podem oferecer. Conforme dados do Sindicato da Construção, Geração, Transmissão e Distribuição de Energia Elétrica e Gás de Mato Grosso (Sindenergia), entre os entraves apontados para a implantação de novas hidrelétricas no Estado está a lentidão do processo de licenciamento, que demora entre 2 e 3 anos.

O presidente em exercício do Sindenergia, José Antônio de Mesquita, conta que o tipo mais viável de hidrelétrica seria a Pequena Central Hidrelétrica (PCH), pois o impacto ambiental é menor. O custo para a construção de uma PCH está em R$ 6 milhões por megawatt (MW). Assim, como uma tem capacidade entre 1 e 30 MW, a execução do projeto pode chegar a R$ 180 milhões. A Usina Hidrelétrica (UHE), por sua vez, teria custo reduzido, mas o impacto é superior, pois alagaria uma área bem maior, o que resultaria em mais desapropriações e desmatamento e outros danos à natureza.

Mais de 70% da energia gerada em Mato Grosso é proveniente de hidrelétricas. Hoje, no Estado, estão em operação, conforme dados da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), 9 UHE, 62 PCHs e 40 centrais geradoras hidrelétricas (CGH). Elas são responsáveis pela produção de 1,9 milhão de kW. Apesar do número parecer volumoso, o percentual equivale a 1,5% do que é gerado no país.

Está prevista para os próximos anos uma adição de 2,4 milhões de kW na capacidade de geração do Estado, oriundo dos 10 empreendimentos do setor hidrelétrico atualmente em construção e mais 16 com outorga assinada. Desse montante, 1,8 milhão de kW virá da UHE do rio Teles Pires, em Paranaíta, que será a maior do Estado.

O consumo no Estado em 2012 foi de 6,7 mil Gigawatt (GW) – equivalente a 6,7 bilhões de kW. A produção, por outro lado, foi de 10,5 mil GW. Vale lembrar que a eletricidade produzida por todas as geradoras não ficam em seus respectivos Estados.

Assim, a eletricidade gerada na Usina de Manso, por exemplo, cai na rede e vai para os consumidores sem saber exatamente quem está usando. Esse sistema é um dos mais avançados do mundo. Isso permite que haja um equilíbrio na distribuição. Quando os reservatórios estiverem baixos no Nordeste, por exemplo, Mato Grosso pode estar com quantidade suficiente para “suprir” a demanda. O professor da UFMT, doutor Dorival Gonçalves, explica que toda eletricidade vai para o Sistema Integrado Nacional e distribuída em todo território brasileiro por meio de linhas de transmissão.

A tendência é que Mato Grosso cresça na implantação de novas hidrelétricas, já que ainda existe 90% de capacidade nos rios para ser aproveitado. Dorival explica que há lei que regulamenta a "obrigação" de explorar as bacias ao máximo para a geração de energia. A regra, contudo, pode fazer com que não só os recursos hídricos, como a fauna, flora, a cultura indígena e os ribeirinhos sejam prejudicados, já que impacta direta ou indiretamente nessa realidade.