Sindicato da Construção, Geração, Transmissão e Distribuição
de Energia Elétrica e Gás no Estado de Mato Grosso
Os participantes do mercado livre de energia, que responde atualmente por 30% do consumo total do país, estão preocupados com a falta de oferta disponível na categoria "incentivada" (proveniente de eólicas, usinas solares, térmicas a biomassa e pequenas centrais hidrelétricas) para 2018. Tal energia diferenciada possui desconto na cobrança dos encargos de uso dos sistemas de transmissão e distribuição (Tust e Tusd).
Em estudo concluído na última semana, a Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE) indicou um déficit de cerca de 11 megawatts (MW) médios de energia "incentivada" para 2018. O problema ainda pode se agravar com o ritmo de migrações de consumidores para o mercado livre. Quase a totalidade desses novos consumidores do ambiente livre é formada por empresas de pequeno porte, com demanda de até 3 MW e que só podem comprar energia incentivada - os chamados consumidores "especiais".
A CCEE, responsável pelo registro, contabilização e liquidação dos contratos de energia, porém, diz ser possível reverter esse quadro, por meio de mecanismos criados pelo governo para reduzir a sobreoferta das distribuidoras, no mercado regulado, liberando um volume de incentivada maior para ser negociado no mercado livre.
Esses mecanismos, concluiu a CCEE, possibilitaram uma sobra de 496 MW médios de energia incentivada para este ano. "A expansão da geração já esperada para o segundo semestre do ano, que totaliza acréscimo de 318 MW médios ao sistema, é outro fator que contribui com a disponibilidade de lastro", afirmou a CCEE, em nota. "A partir de janeiro de 2018, as sobras de energia incentivada [...] voltam a ficar comprometidas", completou.
Segundo Erick Azevedo, diretor da comercializadora FDR Energia, o spread, diferença de preço cobrada pela energia incentivada, em relação a energia convencional, saiu do patamar médio de R$ 20 a R$ 30 por megawatt-hora (MWh) para R$ 60 por MWh.
"Estamos muito cautelosos em comercializar essa energia. Já existem projeções que indicam falta [de oferta disponível de energia incentivada] no ano que vem. Isso virou uma barreira para a migração [de consumidores para o mercado livre]", disse o executivo. Segundo ele, a FDR Energia não está fechando novos contratos de venda de energia incentivada se não tiver volume suficiente para atendê-los.
Segundo Gustavo Arfux, sócio-diretor da Compass, especializada em comercialização de energia, o estresse em relação à oferta de energia incentivada encarece o produto e afeta a competitividade do mercado livre, em relação ao regulado. "Isso vai tirando parte da economia [de gastos com energia das empresas ao migrarem para o mercado livre]" diz o executivo.
Arfux lembrou que os mecanismos adotados pelo governo para reduzir a sobreoferta no mercado regulado têm aliviado o problema por permitir a "migração" desse bloco de energia para o ambiente livre. "Ainda assim [o balanço entre oferta e demanda] continua bastante estressado".
Fonte: Valor Econômico
Ao se associar, você passa a ter à sua disposição assessoria técnica e jurídica especializada.