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de Energia Elétrica e Gás no Estado de Mato Grosso

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Estrangeiras devem avançar sobre espaço das estatais elétricas

Estrangeiras devem avançar sobre espaço das estatais elétricas

Em: 27/07/2017 às 14:01h por

Em meio a privatizações e vendas de ativos, as estatais elétricas brasileiras estão perdendo o protagonismo para empresas privadas, com destaque para chinesas e europeias. Levantamento feito pelo Valor mostra que há mais de 20 gigawatts (GW) de potência em projetos que podem ser privatizados (quase o equivalente a duas hidrelétricas de Belo Monte).

As operações no mercado devem envolver montantes significativos, atraindo ainda mais capital estrangeiro para o país, mesmo sem a construção de novos projetos. Apenas o valor patrimonial dos principais ativos colocados à venda por Cemig e Eletrobras ultrapassa R$ 20 bilhões. Além disso, o valor de mercado da estatal paulista Cesp, que deve ser referência para o preço no seu processo de venda, é de cerca de R$ 5 bilhões.

Especialistas ouvidos pelo Valor consideram que as estatais elétricas caminham para retomar o papel que justificou sua criação - da qual foram desviadas, durante muitos anos, para atender interesses políticos -, o de realizar investimentos considerados estratégicos e de interesse público.

O uso político para favorecimento de determinados partidos ou interesses foi o principal responsável pela crise enfrentada pelas companhias hoje. Cemig e Eletrobras sofrem com pesados endividamentos, enquanto a Cesp praticamente desapareceu, por desavenças com o governo federal. Outra gigante no setor de energia, a Petrobras também colocou ativos à venda, como parte da sua reestruturação.

Os principais candidatos a se transformarem nos novos protagonistas do setor são estrangeiros. Além das chinesas China Three Gorges (CTG) e State Grid, que já fizeram investimentos bilionários no Brasil, as europeias Enel, Iberdrola e Engie se destacam - esta última, inclusive, se consolidou no Brasil depois de comprar ativos da Eletrosul na primeira tentativa de privatização da Eletrobras, no governo de Fernando Henrique Cardoso. A canadense Brookfield também figura entre as preferidas, com grande interesse em transmissão e energias renováveis.

No Brasil, as consolidadoras Energisa e Equatorial também têm grandes chances de sucesso nas privatizações, por terem expertise na recuperação de ativos problemáticos e também potenciais ganhos de sinergia com aquisições.

"A grande empresa de energia do Brasil - a Eletrobras - foi a maior vítima desse uso político intenso e teve seu valor destruído de maneira inimaginável", diz Claudio Sales, presidente do instituto Acende Brasil. Hoje, a empresa passa por uma reviravolta, e as mudanças implementadas pela gestão atual devem resultar numa companhia menor, mais enxuta, e menos endividada.

O primeiro passo da Eletrobras foi colocar suas distribuidoras de energia à venda. As problemáticas empresas foram federalizadas no final dos anos 1990 com a justificativa de que logo seriam vendidas, mas o processo se arrastou até hoje. Desde então, a estatal elétrica tem acumulado prejuízos com as empresas, que carecem de eficiência e não geram fluxo de caixa suficiente sequer para fazer frente aos investimentos necessários.

Fonte: Valor Econômico