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Rede aposta em sucesso do plano da Energisa

Rede aposta em sucesso do plano da Energisa

Em: 09/07/2013 às 11:15h por Valor Econômico

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Com o cancelamento do acordo de exclusividade entre o empresário Jorge Queiroz, a CPFL e a Equatorial Energia, confirmado ontem pelas empresas, o grupo Rede agora aposta todas as suas fichas no plano de recuperação proposto pela Energisa. Segundo a companhia, não há motivos para a Justiça não aprovar o plano.

O principal ponto em questão no momento é a validade do voto do FI-FGTS, questionada por parte dos credores. Na visão deles, o fundo de investimentos, que votou a favor do plano, poderia ser favorecido porque, além de credor do Rede, é credor de um dos acionistas do grupo, a Denerge, que tem 11,79% da companhia.

Segundo o advogado do grupo Rede, Thomas Feslberg, porém, esse questionamento não é válido porque o FI-FGTS é apenas credor, e não acionista do grupo Rede. Em fato relevante publicado ontem, o Rede informou que "acredita que todos os requisitos legais para a aprovação do referido plano de recuperação judicial [feito pela Energisa] foram verificados e confia na sua homologação pelo poder judiciário".

Se o juiz da 2ª Vara de Falências e Recuperações Judiciais da Comarca de São Paulo, que deverá receber o processo amanhã, entender que o voto do FI-FGTS é válido, a proposta da Energisa terá 58,4% de aprovação. Caso o voto não seja aceito pelo juiz, o plano será rejeitado com 52,8%.

Se o plano for aprovado, o processo seguirá o trâmite normal, restando apenas o aval da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) e do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) para a conclusão da transferência dos ativos para a Energisa. O caso seria semelhante ao da Celpa, cujo controle passou do Rede para a Equatorial em 2012.

Por outro lado, se o plano for rejeitado, pela lei, o grupo Rede teria a falência automaticamente decretada. Com isso, a concessão das oito distribuidoras de energia do grupo seria repassada imediatamente para a União.

Alguns especialistas ligados ao processo, porém, acreditam que a Justiça não permitirá a quebra do grupo Rede. "Isso seria muito ruim para o setor", explicou uma fonte a par do caso.

Na mesma linha, a advogada especializada em recuperação judicial Juliana Bumachar, do escritório Bumachar Advogados Associados, explica que, apesar de a "letra fria da lei ser clara e dura e determinar a falência", existem na prática casos em que o juiz permite a realização de uma nova assembleia para analisar uma nova versão do plano.

Ontem, pouco tempo depois da divulgação dos fatos relevantes pela Equatorial, CPFL e Rede confirmando a rescisão do acordo, as ações da CPFL e da Equatorial caíram 2,06% (entre as maiores baixas do Ibovespa) e 0,9%, respectivamente. Ao longo do dia, porém, elas se recuperaram e fecharam com queda de 0,15% e alta de 1,91%, respectivamente.

"A compra do grupo Rede pelo consórcio CPFL/Equatorial era dada como certa há pouco tempo e era vista pelo mercado como uma boa oportunidade para ambas as empresas, uma vez que elas possuem histórico de 'turnaround' [recuperação] bem sucedidos em distribuidoras problemáticas, o que poderia agregar valor ao portfólio de ativos das empresas", afirmou Ricardo Corrêa, diretor da Ativa Corretora, em relatório.

O Rede informou ontem, em nota, que a rescisão do acordo se deu em comum acordo, "pois sua eficácia, estava sujeita à aprovação do plano de recuperação judicial da Rede Energia em termos aceitáveis para CPFL e Equatorial, o que acabou não se verificando na assembleia geral de credores", na última sexta-feira.

Com posição semelhante, a CPFL informou, também em nota, que "o compromisso perdeu sua validade quando, na assembleia de credores optou-se por votar outra proposta apresentada para aquisição das empresas do grupo Rede".

Procurada, a Equatorial Energia não se manifestou até o fechamento desta edição.

Corrêa, da Ativa, diz que ainda existe uma possibilidade de CPFL e Equatorial realizarem uma outra proposta, caso o plano sugerido pela Energisa não seja aprovado pela Justiça.