Sindicato da Construção, Geração, Transmissão e Distribuição

de Energia Elétrica e Gás no Estado de Mato Grosso

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Setor de energia vai receber R$ 148 bilhões em cinco anos

Setor de energia vai receber R$ 148 bilhões em cinco anos

Em: 30/04/2013 às 12:33h por Fiemt

O Brasil deverá investir nos próximos cinco anos R$ 148 bilhões em projetos para a geração e transmissão de energia elétrica. Em geração, o principal destaque é a licitação para a construção da mega usina hidrelétrica de São Luiz dos Tapajós, no Pará, com 6.133 MW de capacidade, que poderá ser realizada no próximo ano e consumir mais de R$ 10 bilhões em investimentos. Para reduzir o impacto ambiental, a obra pode utilizar um modelo de construção inédito: as usinas plataformas, conceito inspirado nas plataformas de exploração de petróleo em alto mar.

Em transmissão, os holofotes estão na concessão da linha de 2,5 mil quilômetros que vai interligar a hidrelétrica de Belo Monte ao sistema nacional. A linha, que será construída em corrente contínua e em 800 kiloVolts (kV), tecnologia inédita no Brasil, irá aumentar a capacidade de escoamento de energia entre as regiões Norte e Sudeste e poderá ser licitada no segundo semestre.

Neste ano, em geração hidrelétrica, o governo está trabalhando para licitar a hidrelétrica de Sinop, no Mato Grosso, com 400 MW de potência instalada, e em colocar também em leilão a usina Três Irmãos, da Cesp. A geradora paulista não renovou sua concessão ano passado pelas regras do governo federal estipuladas na MP 579. A União corre também contra o tempo para obter a licença ambiental da hidrelétrica São Manoel (700 MW). "Entre este ano e 2017, devemos licitar R$ 148 bilhões em projetos em energia elétrica, sendo que R$ 120 bilhões se referem a projetos de geração de energia elétrica, com prioridade para fontes renováveis", diz o presidente da Empresa de Pesquisas Energéticas (EPE), Mauricio Tolmasquim.

Entre os projetos hidrelétricos, o governo estuda colocar em leilão, nos próximos cinco anos, os empreendimentos de Jatobá (previsão de ser licitado em 2015 e com 2.300 MW de potência), Bem Querer (para 2016 e com 700 MW de capacidade) e Simão Alto (previsto para 2017 e com potência de 3500 MW). Todos estão localizados na região Norte e, juntos, devem demandar mais de R$ 20 bilhões em investimentos privados.

Em fontes alternativas, os planos são de contratar 5,6 mil MW de projetos, com investimentos de R$ 23 bilhões. Em pequenas centrais hidrelétricas, o projeto é colocar em licitação 1,1 mil MW. Em térmicas a gás, a estimativa é de 1500 MW, com investimentos de R$ 2,9 bilhões. "Esse número poderá crescer com mais viabilidade de gás natural", observa Tolmasquim.

Avançar com os projetos hidrelétricos não será tarefa fácil. Hoje cerca de 70% do potencial hidrelétrico está na região Amazônica. Construir na região Norte implicará avançar em áreas florestais e indígenas. Exemplo das dificuldades pode ser visto na usina de São Manoel, no rio Teles Pires.

O governo tenta há mais de dois anos obter licenciamento para a obra. Em 2010, o Ibama apontou deficiências no estudo de impacto ambiental da usina. Em outubro de 2011, durante a audiência pública para discutir o empreendimento, quatro funcionários da Funai, dois da EPE e um antropólogo foram sequestrados pela tribo indígena Kururuzinho, que não quer a usina. O Ministério Público Federal do Mato Grosso editou liminar determinando que o relatório de impacto ambiental fosse traduzido para o idioma das etnias locais. As complexas questões indígenas continuam dificultando a obtenção da licença ambiental.