Sindicato da Construção, Geração, Transmissão e Distribuição

de Energia Elétrica e Gás no Estado de Mato Grosso

Notícias

Evolução da matriz elétrica e transmissão serão desafios para operação do sistema

Em: 16/08/2012 às 09:40h por Canal Energia

A evolução da matriz elétrica brasileira e a estrutura de transmissão podem representar nos próximos anos um grande desafio para a gestão do Sistema Interligado, na opinião do assessor da diretoria-geral do Operador Nacional do Sistema Elétrico, Marcelo Prais. Em apresentação no XIII Fórum Nacional de Energia e Meio Ambiente no Brasil, Prais citou especificamente a perda paulatina de capacidade de regularização dos reservatórios de hidrelétricas, a complexidade introduzida pelo grande potencial eólico incorporado à matriz e a distância cada vez maior das linhas de transmissão dos centros de consumo.

Sobre a redução da capacidade de acumulação de água nos reservatórios, o assessor explicou que ela traz como consequência a necessidade de complementação térmica, com a geração de energia mais cara e mais poluente. "É uma dicotomia. A sociedade não está percebendo que vamos precisar de mais térmicas e vamos emitir mais CO2", afirmou.

Marcelo Prais lembrou também que os novos empreendimentos hidrelétricos localizados na região amazônica exigem a construção de grandes interligações com distâncias que vão de 2,5 mil km a 3 mil km dos centros de carga nas regiões mais industrializadas do país.

Na questão das eólicas, é necessário "saber prever vento", porque a fonte é intermitente. "Não vamos morrer de tédio no ONS", brincou o assessor, ao frisar o desafio que isso representa. Ele lembrou ainda que parte desses parques geradores está localizada onde a rede de transmissão tem fragilidades. Em termos de acréscimo de capacidade ao sistema, serão quase 7 mil MW em cerca de cinco anos.

"Quando a gente faz esse corte em 2016, a gente só considera energia contratada. O crescimento potencial da eólica é 500% na matriz. É maravilhoso, mas do ponto de vista do sistema temos algumas preocupações", afirmou Prais na apresentação.

Ele revelou que a questão do licenciamento das linhas de transmissão, cujas concessões são leiloadas sem licença prévia, também preocupa. Lembrou que isso tem provocado atrasos na conclusão de obras como as estações coletoras, que permitem a conexão ao sistema de empreendimentos de fontes alternativas como usinas eólicas. Muitas vezes, o empreendimento de geração fica pronto antes do de transmissão, o que compromete o planejamento.

Prais disse que há espaço para aperfeiçoamento do mecanismo de leilões. A recomendação é de que sejam ofertadas nesses certames capacidades prévias que minimizem o investimento em transmissão. "Olhar o binômio geração-transmissão é o que vai contribuir para a modicidade tarifaria", ponderou.