Sindicato da Construção, Geração, Transmissão e Distribuição

de Energia Elétrica e Gás no Estado de Mato Grosso

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Leilão simplificado corre risco de ter apenas 15% das térmicas operando

Em: 02/05/2022 às 12:27h por Canal Energia

De um total de 1.178 MW, fiscalização da Aneel sinaliza 175 MW como altamente prováveis de entrar em operação, mas todas estão atrasadas em relação ao cronograma que previa estarem disponíveis em 1º de maio

 



O próximo domingo, 1º de maio, deveria ser marcado pelo início da vigência dos contratos de energia de reserva das usinas térmicas contratadas na modalidade disponibilidade no Leilão Simplificado de 2021. A medida foi uma das tomadas pelo governo federal para enfrentar a crise hídrica do ano passado. Das usinas viabilizadas, apenas uma a biomassa está em dia com suas obrigações e já em operação. Todas as térmicas que somam quase 1.178 MW em capacidade instalada estão atrasadas e não ficaram disponíveis na data prevista. Com alta viabilidade aparecem apenas 14,9% do total negociado.

De acordo com o acompanhamento da Agência Nacional de Energia Elétrica, as usinas da Evolution Power Partners que negociaram 43% do volume nem começaram as obras e não entrarão em operação. Aparecem com a sinalização vermelha, ou seja, com baixa possibilidade de sair do papel e sem previsão de entrada. A EPP informou que não se manifestaria nesse momento sobre o processo.

Outra usina que está nessa mesma situação da EPP é a térmica da Rovema em Santa Catarina a gás natural com 100,2 MW. Aparece com baixa viabilidade para sua entrada em operação, contudo as duas usinas solares da mesma companhia no Rio Grande do Sul, Buritis e Machadinho, que somam pouco mais de 10 MW estão com a data de 15 de maio como previstas.

A Karpowership, que viabilizou 560 MW ou 47,5% do certame térmico, está com a sinalização amarela e data de entrada em operação em 1 de agosto. A companhia possui uma embarcação já atracada no país, no porto de Angra, em uma área alfandegada. As outras três, afirmou, estão a caminho do país, conforme relatou o diretor da empresa no país, Gilberto Bueno, em entrevista à Agência CanalEnergia.

Por meio da sua assessoria de imprensa, a Karpowership comentou apenas que “estamos promovendo todos os investimentos, esforços e medidas para que o projeto entre em operação o quanto antes, conforme previsto nos contratos e nas regras do setor”.

Além da solar, as térmicas que aparecem com alta viabilidade somam 175,2 MW em potência instalada, apenas 14,9% do total. Contudo, todas passam do prazo de disponibilidade acordado. A mais próxima, com data de 1 de junho, é a usina de 15,9 MW da Mercurio Partners e que é a mais cara em termos de CVU no deck do ONS com pouco mais de R$ 3.400/MWh. As próximas estão previstas em 15 de julho, no estado do Espírito Santo. Na sinalização verde a usina de Barra Bonita também aparece com data de operação em 1 de agosto.

Aliás, de acordo com as regras do certame realizado no final de outubro, o primeiro dia de agosto é o limite para que os empreendimentos estejam disponíveis. Na portaria com as diretrizes é estabelecido que o atraso na entrada em operação comercial superior a três meses levará à rescisão do CER e o pagamento de penalidade prevista por não entrega da energia no período de atraso mais multa rescisória.

De acordo com reposta do Ministério de Minas e Energia, a pasta monitora a implantação das usinas e tem mapeada uma usina já em operação, a Fênix. “As demais, se concluírem além do compromisso contratual, considerando a governança setorial, devem ser objeto de fiscalização da Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL), a quem cabe a gestão dos contratos e a avaliação dos procedimentos a serem adotados, incluindo a eventual aplicação de penalidades”. destacou.

Em sua análise, embora o cenário hidrológico tenha melhorado, afirma que as usinas contratadas têm um papel importante para o aumento da segurança eletroenergética do Sistema Interligado Nacional tanto no curto quanto no médio prazo, diante das permanentes incertezas que caracterizam os cenários hidrológicos futuros.

Procurada, a Aneel afirmou por meio da assessoria de imprensa que vem acompanhando essa situação e que existe a previsão contratual que cita a rescisão e pagamento de multa.

Ainda em 24 de setembro, reportagem exclusiva publicada em nosso portal indicava a possibilidade de que o leilão tivesse baixa oferta de projetos. No cerne da questão estava o prazo de apenas seis meses para que novas usinas fossem construídas, o prazo dos contratos, CVU que depois foi revisto e a falta de disponibilidade de máquinas a pronta entrega.

 

(Nota da Redação: matéria alterada em 2 de maio às 8h20 para correção de informação sobre a fonte de geração da usina Fênix)