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de Energia Elétrica e Gás no Estado de Mato Grosso

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CONCEL-Conselho de Consumidores de Energia de MT debate o setor elétrico em evento de Vitória-ES

Em: 06/09/2019 às 10:36h por MT Econômico

Sexta-feira 06 de Setembro de 2019
Teomar Estevão Magri
Conselho de Consumidores de Energia de MT debate o setor elétrico em evento de Vitória-ES

 

No final do mês passado, 29 e 30 de agosto, o Conselho de Consumidores de Energia Elétrica do Estado - Concel MT esteve presente com dois representantes no Encontro de Conselhos de Consumidores realizado em Vitória-ES. Na oportunidade foram abordados e discutidos diversos temas relacionados ao Setor Elétrico Brasileiro, tendências e tecnologias rumo à sua modernização e eficientização.

É consenso que o custo da energia elétrica está muito alto com reajustes descolados de índices inflacionários. Vivemos um grande paradoxo, temos uma matriz de geração invejável, composta por mais de 80% de fontes renováveis, mas o preço não cai na ponta para o consumidor. Os riscos do negócio recaem sempre para o mesmo. Isto precisa ser revisto através de desonerações e mudança do modelo tarifário atual.

O potencial de geração solar é enorme. De toda a energia recebida do Sol pela Terra, consumimos apenas uma pequena parte. A relação entre o que recebemos e o que consumimos é cerca de 75 mil vezes. Neste contexto, a geração distribuída de energia com ênfase na energia solar fotovoltaica se apresenta como uma das alternativas para o consumidor gerar sua energia com preços bastante atraentes. O potencial solar do país é de cerca 28.500 GigaWatts e somente agora, atingimos o primeiro GigaWatt de micro e minigeração distribuída. O país está ainda muito atrasado e é preciso incentivar este segmento. Foram apresentados os aspectos técnicos da evolução dos painéis fotovoltaicos e a contínua queda nos seus preços. Atualmente os projetos já estão se pagando na média em quatro anos.

Para atender as transformações da sociedade e as necessidades dos consumidores a mobilidade elétrica através dos veículos elétricos, as smart grids ou redes inteligentes, evolução das baterias e sistemas de armazenamento de energia abordados integram um leque de soluções tecnológicas para que o consumidor possa ser beneficiado com melhores serviços e produtos. A tarifa binômia também discutida e atualmente em análise pela Aneel para os consumidores de baixa tensão é um passo para separar e alocar de forma mais transparente os custos da energia.

Uma reflexão importante no evento foi a equação qualidade x custo da energia. Foram discutidos os diversos componentes da conta de energia com destaque para os vários tipos de subsídios que a integram. Estes subsídios em sua grande maioria por serem instrumentos de políticas sociais e políticas públicas de governo não deveriam compor a tarifa de energia elétrica no país. Foi enfatizado também por todos que o atendimento na área rural está muito ruim em todo o país, os consumidores chegam a ficar dias sem energia em alguns casos, pois as distribuidoras concentram seu maior esforço no atendimento na área urbana. O Agronegócio exige melhor qualidade e continuidade na energia.

Ainda nesse assunto foi ressaltado que as oscilações e as interrupções abaixo de três minutos sejam computadas de alguma forma nos indicadores DEC/FEC da Aneel. Essas interrupções e os famosos pick’s manuais ou automáticos podem são tão prejudiciais quanto interrupções de maior duração na energia.

Foram muitos os temas abordados e discutidos. Para a redução no preço da energia, porém diversas medidas são necessárias e urgentes como a ampliação do acesso ao mercado livre através da portabilidade para que todos os consumidores tenham liberdade de escolher de quem desejam adquirir sua energia. Atualmente somente grandes consumidores têm acesso ao mercado livre de energia e conseguem redução de até 30% nas suas contas. De um total de 83,6 milhões de consumidores no país, somente cerca de 5,8 mil grandes consumidores tem esse poder de escolha. O restante são cativos e podem comprar sua energia somente das distribuidoras. É preciso uma “alforria” para estes consumidores.

A atuação e compliance nos Conselhos foi outro tema muito importante. A responsabilidade com os recursos públicos e geração de bons resultados são fundamentais para sua continuidade e aprimoramento como órgão consultivo para a os consumidores e toda a sociedade. Assim, se faz necessária a devida estruturação técnica dos Conselhos para atuar fortemente em temas complexos que vêm pela frente como a modernização do setor elétrico, as redes inteligentes, dente outros. Passaremos num futuro próximo de um modelo com forte planejamento para outra configuração com sinalização do mercado. E o Poder Concedente deverá ter uma atuação mais ativa no “pensar” o segmento de distribuição de energia elétrica no país.

É preciso ressaltar as discussões que envolvem a tão propagada modernização do setor elétrico com premissas na sustentabilidade da expansão baseada na abertura do mercado e na eficiente alocação de custos e riscos.

Um dos participantes do Encontro de Conselhos de Consumidores realizado em Vitória-ES foi Teomar Estevão Magri, Engenheiro Eletricista com MBA em Gestão de Negócios, Especialista em Energia e membro do Conselho de Consumidores de Energia Elétrica de MT-Concel.

 “Encontros como este, são essenciais para se debater o setor elétrico, proporcionar a troca de experiências e de boas práticas entre os Conselhos e possibilitar um melhor nivelamento dos assuntos deste setor para a defesa dos interesses dos consumidores em prol de uma energia de qualidade com preços compatíveis e justos”, disse Teomar em matéria enviada ao MT Econômico.