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de Energia Elétrica e Gás no Estado de Mato Grosso

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Distribuidora explora pouco a área de serviço, diz estudo

Distribuidora explora pouco a área de serviço, diz estudo

Em: 24/05/2019 às 07:42h por

O negócio de prestação de serviços de energia tem potencial para aumentar a geração de valor de empresas elétricas, principalmente da área de distribuição. No Brasil, porém, complexidades e incertezas regulatórias dificultam o crescimento mais acelerado desse mercado. A constatação faz parte de estudo concluído no último mês pela consultoria alemã Roland Berger.

De acordo com o levantamento da consultoria, o mercado de serviços de energia (geração distribuída, eficiência energética, mobilidade urbana e até parcerias para comercialização e cobrança de produtos bancários e seguros) na Europa tem se mostrado altamente atrativo, com taxa de crescimento de 8% ao ano e alta rentabilidade. A projeção da Roland Berger é que o volume de negócios nesse segmento alcance receita de € 50 bilhões em 2025.

No Brasil, esse mercado representa em torno de 3% a 5% da receita das empresas. Isso seria algo entre R$ 6,2 bilhões e R$ 10,5 bilhões, considerando faturamento anual de cerca de R$ 205 bilhões do setor de distribuição brasileiro, de acordo com dados da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel).

"Hoje é um mercado bem pequeno [no Brasil]", disse Daniel Martins, responsável pelo estudo da Roland Berger. "Ainda que, na Europa, os serviços não sejam a principal fonte de receita das empresas do setor elétrico, a relevância deles é maior do que no Brasil. E, pelas margens que esse tipo de mercado traz, ele de fato tem uma importância em termos de retorno econômico", afirmou.

Segundo Martins, o ponto principal é a necessidade de um ambiente regulatório estável que garanta previsibilidade e clareza das regras pelas próximas décadas, dando segurança para os investidores. Por outro lado, sem uma visão clara de como os investimentos serão remunerados no futuro, o risco para as empresas é que esses investimentos não se paguem.

Uma questão importante é como remunerar os investimentos em novas tecnologias, como medidores eletrônicos, por exemplo. A Aneel vive um dilema entre remunerar investimentos do tipo sem, ao mesmo tempo, onerar demais o consumidor. Esse ponto ganha relevância quando se leva em consideração a baixa renda per capita do Brasil, em relação à Europa.

"A discussão hoje, do ponto de vista regulatório, é sobre quem vai pagar essa conta e como os benefícios serão compartilhados", disse o presidente da Empresa de Pesquisa Energética, Thiago Barral, em evento promovido este mês pela "epbr", agência de notícias especializada no setor de óleo e gás e em política energética e o Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (CEBDS), no Rio.

Essas incertezas, porém, destacou Martins, não podem ser motivo para que as empresas não estudem investimentos na área de serviços no Brasil. Segundo ele, esse é um mercado potencial. "Essa fonte adicional de receita em serviços será necessária no futuro do setor elétrico. As empresas devem colocar um pé nesse mercado desde cedo, para depois não ficarem de fora do jogo", completou.

Fonte: Valor Econômico