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de Energia Elétrica e Gás no Estado de Mato Grosso

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Brasil ainda está longe de esgotar potencial eólico

Brasil ainda está longe de esgotar potencial eólico

Em: 08/03/2019 às 12:20h por

Mesmo se o Brasil conseguir manter a taxa de crescimento exponencial de potência instalada da fonte eólica, de 45% ao ano, levará mais de 40 anos para que todo o potencial do país seja esgotado, sem contar empreendimentos offshore, de acordo com relatório do BTG Pactual obtido pelo Valor. Segundo os analistas do banco, isso oferece uma grande oportunidade para que as grandes geradoras elétricas do Brasil diversifiquem o portfólio, reduzindo exposição ao risco hidrológico.

O relatório, assinado pelos analistas João Pimentel e Fillipe Andrade, aponta que grande parte do crescimento global da potência instalada da fonte eólica nos próximos anos deve vir do Brasil, que já tem registrado a "impressionante" taxa anual média de 45% nos últimos 10 anos, saindo de menos de 400 megawatts (MW) em 2008 para 13.677 MW em 2018. A participação na matriz elétrica do país saiu de 0,3% para 9% ao fim do ano passado.

O crescimento, classificado pelos analistas como "impressionante", é atribuído, em parte, à política de governo de expansão da matriz energética focada em renováveis, com incentivos na forma de subsídios. Também contribui a queda dos preços de energia eólica, reflexo de avanços tecnológicos.

"Apesar do desempenho notável da geração eólica no Brasil, nesse ritmo de crescimento, alguns investidores podem se preocupar se o país está próximo da capacidade máxima de exploração da fonte", escreveram os analistas, respondendo a questão em seguida: mesmo se o Brasil continuar com a taxa de crescimento excepcional de 45% ao ano, em média, levaria mais de 40 anos para que a capacidade instalada máxima fosse atingida.

Segundo dados da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), há cerca de 5 GW contratados de eólicas para entrarem em operação até 2026. Considerando as projeções da EPE para capacidade adicional que será contratada ainda por leilões no país, o BTG Pactual estima que há espaço para novos 30 GW de eólicas no Brasil até 2027.

A projeção considera apenas os projetos em terra. Além disso, o Brasil poderá ter, no futuro, um maior potencial de projetos de geração eólica "offshore", no litoral, tecnologia que está ganhando espaço na Europa, onde os espaços são mais limitados, mas ainda é muito cara para o Brasil em comparação com os ativos "onshore". O BTG Pactual apontou que grandes petroleiras, como Petrobras, Total e Equinor estão estudando os projetos no litoral, o que é explicado pela presença forte de ventos nas regiões em que as companhias têm exploração de óleo e gás.

A análise do perfil dos ventos no território brasileiro aponta para outras mudanças nos investimentos em geração eólica. Hoje, a maior parte dos projetos são instalados na região Nordeste, onde há um fator de capacidade mais elevado por conta da qualidade dos ventos. A partir do ano que vem, uma importante mudança deve entrar em vigor: os preços de energia do mercado à vista passarão a ser fixados por hora, e não mais por semana, como é hoje.

Regiões na qual o pico de ventos coincide com o pico de consumo de energia tendem a ser mais atrativas para novos parques eólicos, pois os preços tendem a ser maiores. Segundo a avaliação do BTG, isso inclui regiões já fortes em energia eólica, como nordeste da Bahia e sudeste do Piauí, e também novas localidades, como o norte de Roraima e o leste do Paraná.

Fonte: Valor Econômico