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Brasil dobrará potência eólica até 2026, afirma estudo

Brasil dobrará potência eólica até 2026, afirma estudo

Em: 22/02/2019 às 08:05h por

O Brasil deve passar a ser o 8º país com maior potência instalada em geração eólica até 2026, praticamente dobrando sua capacidade instalada na fonte para algo perto de 25 gigawatts (GW), de acordo com um estudo da consultoria A.T. Kearney, obtido com exclusividade pelo Valor. Um dos principais fatores que favorecem o país é a qualidade dos ventos.

Enquanto o fator de capacidade (proporção entre a produção efetiva da usina e a capacidade total máxima) média global é de 28%, o Brasil supera 50%, e deve chegar a 63% em 2021, segundo o estudo.

Considerando dados de julho de 2018, o Brasil estava em 12º lugar em número de projetos solares instalados, atrás de mercados como Alemanha, Dinamarca, China, Estados Unidos, França e Espanha.

Segundo Cláudio Gonçalves, sócio especialista no setor elétrico da A.T. Kearney no Brasil, o país tem potencial de ultrapassar alguns mercados europeus no ranking, como Itália, Holanda e Reino Unido.

“Acredito que o Brasil vai subir no ranking. Trabalhamos com empresas otimistas em relação ao mercado de energia renovável”, disse Gonçalves, lembrando que o país tem enorme potencial eólico.

O mercado europeu, que hoje está na frente, é considerado “saturado” em vários países, como Itália, Reino Unido e Espanha. Além disso, por falta de espaço, países como a Holanda estão apostando em parques eólicos “oshore” (instalados na costa), que são mais caros.

Os Estados Unidos, que também se destacam no setor eólico, têm disponível o gás de xisto, que também tem um preço muito competitivo. “Vemos o Brasil com muito potencial de penetração e condições meteorológicas favoráveis. Só vai depender da economia.”

O Plano Decenal de Expansão de Energia (PDE) elaborado pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE), entidade responsável pelo planejamento energético do país, prevê o acréscimo de 12 GW da fonte eólica no país até 2026. “Somos mais conservadores, prevemos de 9 GW a 11 GW de expansão até 2026″, armou Gonçalves.

Depois de um período sem a contratação de novos projetos, os leilões foram retomados em 2017 e 2018. Enquanto isso, as geradoras começaram a apostar em leilões privados e contratos no mercado livre, que são uma tendência para continuação da expansão da fonte nos próximos anos.

“O jogo vai mudar, acreditamos que os leilões privados e o mercado livre, especialmente, vão continuar crescendo”, disse.

“A estratégia dos investidores agora é mais agressiva no mercado livre”, disse o especialista. No mercado cativo, os preços de energia devem continuar em baixa, mas não nos patamares vistos nos últimos leilões, abaixo de R$ 100 por megawatthora (MWh).

“Mas o mercado ainda tem ajustes, vai demorar de dois a três anos até as fábricas voltarem a operar cheias. Só quando isso acontecer, os fabricantes serão mais exigentes em termos de preço”, explicou.

A A.T. Kearney identicou outras tendências para o setor eólico no Brasil, como a continuação da capacidade ociosa de vários fabricantes de turbinas e torres.

“O mercado cresceu rápido e em grande escala, e os players acabaram não se estruturando da melhor forma. Por isso, têm fabricas e quadros de funcionários maiores que o necessário. Essa é uma oportunidade de busca por eciência.”

Do ponto de vista dos desenvolvedores de projetos, a consultoria vê oportunidades de priorização de portfólio. “Eles precisarão aprimorar as práticas para serem mais competitivos”, armou, lembrando que hoje a demanda por novos projetos de geração em leilões é menor, e o mercado livre exige qualidade e atratividade ainda maior dos empreendimentos.

Uma área que tem chamado a atenção dentro da cadeia de suprimento é o foco em operação e manutenção de ativos. Segundo Gonçalves, esse segmento ainda é muito fragmentado, mas as grandes empresas do setor elétrico devem ocupar um papel cada vez maior nisso.

“Algumas empresas começaram a trabalhar com eciência internamente, mas hoje vemos muitas discutindo por que não fazer serviço de operação e manutenção também de parques vizinhos.”

Fonte: Ambiente Energia